31/05/2019

Estudos associam o consumo de Junk Food com maior risco de desenvolver depressão: quais alimentos devem estar presentes em uma rotina alimentar?

Com mais de 322 milhões de pessoas no mundo sofrendo com a depressão que é considerada como “Mal do Século” pela Organização Mundial da Saúde, atingindo cerca de 11.5 milhões de brasileiros que inclusive lideram o ranking dentro da América Latina. O assunto deve ser levado com a maior seriedade já que em 2015 segundo a OMS, 800 mil pessoas cometeram suicídio no mundo. Entre os jovens de 15 a 29 anos de idade esta foi a segunda maior causa de morte. Estima-se que até 2020 a doença silenciosa seja a principal incapacitante no mundo.
De acordo com o Ministério da Saúde, a depressão é um distúrbio afetivo caracterizado por apresentar tristeza profunda, alteração de apetite, alterações no peso falta de animo, falta de interesse generalizado, dificuldade em tomar decisões, dificuldade de concentração, tristeza, pessimismo e baixa autoestima, oscilação de humor e pensamentos podendo culminar em comportamento suicida.
A depressão também é responsável por alterações fisiológicas no corpo podendo ser porta de entrada para outras doenças como baixa no sistema de imunidade, maiores problemas de processos inflamatórios e infecciosos e dependendo da gravidade, desencadear doenças cardiovasculares e hipertensão. OPAS/OMS – Brasil
Diversos estudos na área demonstram que a depressão é uma doença com alterações químicas no cérebro principalmente no que diz respeito de neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células considerando que possivelmente para algumas pessoas as alterações sociais e psicológicas podem ser consequência e não a causa da depressão.
Quando se trata de alimentos, os ricos em açúcares, gordura trans e saturadas têm sido reconhecidos como alimentos “de conforto” para quem tem os sintomas depressivos instalados e promovem melhora momentânea dos sintomas, mas podem agravar os episódios depressivos a longo prazo aumentando assim o risco de desenvolver doenças crônicas e obesidade.
De acordo com o Dr Teng Chi Tung – Médico psiquiatra, membro do Conselho Científico da ABRATA (Associação brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos afetivos), o Ômega 3 encontrado em peixes, cereais e sementes e óleo de canola é essencial no tratamento da depressão e especialmente quando os antidepressivos demonstram resultados insatisfatórios. Ainda falando sobre nutrientes fundamentais para combater os males da depressão ele cita o Complexo B (carnes, ovos, e derivados de leite) pois sua falta no organismo pode prejudicar o funcionamento cerebral induzir a pessoa a episódios mais graves.
Sobre os hábitos nocivos à saúde estudados em pacientes com grau maior de depressão comparados com os que não se enquadram, o primeiro grupo fuma mais, ingere mais bebida alcoólica, é mais sedentário, assiste mais horas de televisão, consome menos frutas, verduras e legumes e mais carnes gordurosas, menor consumo de peixes e maior consumo de doces e refrigerantes.
Em um estudo publicado pela Universidade de Cambridge em 2012 acompanhou mais de 10 mil participantes por pouco mais de seis anos, encontrou associação entre consumo na rotina de gorduras trans e fast food (hambúrgueres, salsichas, pizza) e produtos de panificação (muffins, doughnuts, croissants) com maior risco de depressão.
O quadro do paciente em depressão apresenta as seguintes características:
  • Má alimentação;
  • Deficiência de nutrientes;
  • Ingestão excessiva de carboidratos simples;
  • Ingestão excessiva de alimentos ultraprocessados e refinados;
  • Ingestão excessiva de bebidas alcóolicas;
  • Alterações nos exames laboratoriais;
  • Alterações de peso;
  • Alterações hormonais;
Objetivos da Intervenção Nutricional:
       Equilibrar a dieta do paciente equalizando todos os nutrientes e enfatizar os seguintes grupos:
Triptofano e Ômega-3: carne, peixe, frutos do mar, ovo, castanhas, amendoim, ervilha, abacate, couve-flor, banana, grão-de-bico;
Cálcio: leite e derivados;
Ferro: carne vermelha, brócolis, espinafre, couve, grão-de-bico, lentilha, ervilha, feijão, tofú, algas, cereais integrais;
Magnésio: chocolate, castanhas, amêndoas, sementes de abóbora, arroz integral, gérmen de trigo, aveia, abacate e banana;
Complexo B: espinafre, couve manteiga, leite e derivados, fígado, frango, ameixa e melancia;
Vitamina C: acerola, goiaba, abacaxi, laranja, limão, tangerina, amora, framboesa;
Vitamina D: carnes, peixes e frutos do mar, como salmão, sardinha e mariscos, e alimentos como ovo, leite, fígado, queijos e cogumelos. A falta de vitamina D pode aumentar em até 75% o risco de depressão em pessoas com mais de 50 anos de acordo com estudo publicado no Journal of Post-Acute e Long-Term Care Medicine.
Fibras: alimentos integrais, cereais, frutas, verduras, legumes.
Alimentos como frituras, ultraprocessados como salgadinhos, bolachas, fast food, bebidas alcoólicas, refrigerantes em excesso consumidos com regularidade e sedentarismo podem ajudar a desencadear a depressão.
Convém lembrar que de acordo com a OMS, o consumo de carnes vermelhas não deve ultrapassar de três vezes na semana e que não existem níveis seguros para o consumo de embutidos
De acordo com Tais Rímoli, Nutricionista e Personal Trainer, é preciso entender a real necessidade de manter na rotina equilíbrio dos nutrientes dando ênfase aos alimentos dos grupos citados, os in natura e minimamente processados para que junto com o hábito de se exercitar e melhorando a qualidade do sono, se possa criar mecanismos de tratamento efetivo no controle da depressão, “Mal do Século”.
Tais Rímoli
Nutricionista e Personal Trainer
www.taisrimoli.com.br

Instagram: @taisrimoli
www.taisrimoli.com.br

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